terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Efemeridades

Coisa engraçada é esta nossa psique. Parece que nunca estamos completamente satisfeitos com o que temos, sempre queremos mais, sempre poderia ser ainda melhor. Você pode até se conformar com o que possui, mas, lá no fundo, existe uma voz que diz "mas se eu tivesse tal coisa". Apesar de estar me referindo a um contexto um tanto quanto banal, esta filosofia pode servir para virtualmente qualquer coisa inerente a nossa vida. Nossa, falei bonito agora.
O que eu quero dizer é... Caramba, eu to de férias! Me matei de estudar o período inteiro (tá, to exagerando, não estudei tanto) pra entrar de férias e poder relaxar e me divertir. Mas, quando finalmente consigo o que quero, podia ser melhor. Quer dizer, eu fico sentando no computador o dia inteiro sem nada pra fazer, e isso me deixa ainda mais sem vontade de fazer absolutamente nada. Às vezes sinto como se estivesse brincando de Big Brother, e não é tão legal quanto assistir, acredite. Até mesmo escrever sobre qualquer coisa, que é tão simples, me parece uma escalada interminável. Também pudera, quando não se faz nada, não há sobre o que escrever. Bom, até dá pra escrever sobre o nada, encher uma linguiça pra ocupar umas linhas com umas palavras que acabam dando num texto. Mas é um texto sem conteúdo nenhum, e acho que o caro leitor concorda comigo enquanto dá um risinho de canto de boca.
Passado o parágrafo baboseira, voltemos à filosofia. A efemeridade me fascina. Já comentei sobre ela em textos passados e continuo citando-a. Me espanta - não necessariamente de um modo ruim - como algo pode ser tão bom ou tão ruim e, ao mesmo tempo, passageiro e frágil. A alegria de estar de férias é algo bom, mas que logo dá lugar ao tédio. Ir mal na escola é terrível, mas também passa. O que mais me fascina é como algo evanescente pode marcar profundamente a história de alguém. Como uma ferida de amor que você nunca mais esquece, e dá falsas risadas ao contar a história aos amigos anos depois. Como uma inspiração, que em um curto momento acomete uma mente e acaba por se tornar um texto, uma música, um quadro, o que for. É algo que nasce do etéreo e que, no instante seguinte, deixa de se-lo para se tornar concreto. Bom perceber que, mesmo sendo apenas os macaquinhos prepotentes que somos, conseguimos obter maneiras de transpor o imaginário e torná-lo real. É isso que nos diferencia neste mundo. O que nos faz mover uma sociedade por completo. Tudo baseado apenas no que não podemos ver. Afinal, somos todos intensas efemeridades.