quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mensagem pra você

Oi. Que bom que você veio, queria mesmo falar contigo um pouco. Sabe, de uns dias pra cá eu tenho parado pra pensar na nossa relação. O incrível é que eu não me lembro de ter feito isso outras vezes. Talvez eu seja mesmo assim, talvez só consiga refletir sobre algo de que sinto falta no momento e, por isso mesmo, não consigo tirar da cabeça até que seja obrigado a analisar com mais calma os motivos daquilo flutuar ao meu redor nos momentos mais contrários. Eu to enrolando, né... Desculpa. Logo eu, sempre tão direto e resumido. Vou resumir o assunto pra você, então. Eu sinto sua falta. Muito. E por mais que você diga que nada chegou ao fim, e mesmo que eu saiba disso, eu não consigo evitar. Eu quero te ver de novo todos os dias. Quero ficar de saco cheio da sua cara por um dia e te abraçar como se não te visse há anos no dia seguinte. Quero matar minhas saudades de você com um simples olhar para o lado. As coisas não são mais assim agora. Eu não gosto muito de mudanças, você sabe. Se pudesse, deixaria tudo sempre do mesmo jeito. Não precisa dizer, eu sei... Faz parte do nosso crescimento e tudo o mais, mas bem que poderia ser mais fácil.
To me lembrando dos momentos que passamos juntos. Foram mesmo anos maravilhosos, não é mesmo? Nós aprendemos muito um com o outro nesse tempo. Brincamos muito, brigamos de vez em quando, mas no final o balanço é positivo, não poderia ser diferente. Por isso eu digo que é difícil! Nós ficamos ligados por muito tempo e de uma maneira muito forte, não é de uma hora pra outra que eu vou me acostumar à distância. Dia após dia a gente vai levando, vai se concentrando um pouco mais em si mesmo e consegue motivação pra continuar, mas também não é algo assim rotineiro como trocar de roupa.
Bom, mas eu não vou me deixar abater. Afinal, a gente ainda pode se encontrar pra matar a saudade, relembrar as histórias antigas, escrever novos capítulos. O que nós temos não pode ser destruído por qualquer obstáculo que surja a nossa frente. E eu espero que nada mude isso. Hoje eu posso dizer que sou muito feliz por ter tido a sorte de te conhecer e compartilhar tanto com você. E essa felicidade é uma estrela que não se apaga, que continua sempre viva dentro de mim. Eu te amo!

Um post dedicado a todos aqueles que, de quatro anos pra cá, tornaram meus dias mais felizes e não me deixaram enlouquecer (ou será que enlouquecemos juntos?). Mais do que amigos, nos tornamos uma família.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Química analítica educativa

Hoje venho aqui para mostrar-lhes um texto um pouco diferente dos que faço normalmente. Como muitos devem saber, comecei mais uma fase em minha vida muito recentemente, A.K.A. entrei na faculdade. Acontece que lá fui eu ter uma aula em que me mandaram fazer um resumo de um texto de Sociologia. Acontece que eu também gosto desse assunto e acho que o resultado ficou interessante, então vou colocá-lo aqui. Aos interessados em ler o tal texto e ter uma ideia mais profunda sobre o assunto que vou expor, o nome é "Educação e luta de classes" de Aníbal Ponce. Eis o texto então.

"A Educação, como a temos nos dia de hoje é, claramente, uma compartimentalização de conhecimentos vinculada às transformações ocorridas na sociedade, desde seus primórdios. É notório este pensamento, baseando-se no fato de que não havia instituições de ensino nas sociedades primitivas, sendo o indivíduo educado pelo meio e para o meio, através da participação nas atividades diárias da comunidade. Obviamente, sendo estes grupos sociais dotados de características igualitárias para todos os seus constituintes, cada indivíduo era capaz de absorver o mesmo conhecimento que seus antepassados transmitiam inconscientemente e que seus contemporâneos também assimilavam. Em outras palavras, por não haver diferenciação social, não havia também uma diferenciação de conhecimento a ser introjetado.
Com o passar do tempo e as decorrentes mudanças nas estruturas sociais, passaram a existir subgrupos dentro de cada comunidade, unidos entre si por laços de servidão e obediência. Como agora os indivíduos de uma mesma sociedade não viviam todos sob os mesmos preceitos de igualdade, surgiu a necessidade de um ensino diferenciado para cada um destes núcleos sociais distintos. Sendo que o conhecimento maior circulava apenas nas castas mais altas, não podendo ser transmitido à força servil, que permanecia ignorante e condicionada a desempenhar todo o trabalho braçal da comunidade. A Educação começou a se tornar, então, uma arma para a dominação dos menos instruídos.
O surgimento do ensino com grande rigidez, seguido do aparecimento de escolas secretas, reforçou ainda mais este caráter instransponível do saber para as classes mais baixas. O indivíduo era submetido a duras provas antes de receber qualquer instrução, a fim de selecioná-lo de inculcá-lo com o respeito às normas. Este conhecimento nunca poderia ser transmitido indiscriminadamente.
Todos estes desdobramentos culminaram, enfim, na criação do Estado. Estando oficializadas todas as relações de poder existentes, decorrentes de mudanças consentidas nas comunidades primitivas e que marcaram profundamente todo o desenvolvimento das sociedades até o modelo que conhecemos hoje."

domingo, 15 de agosto de 2010

Um ser social

E eis que cá estou eu mais uma vez, tirando a poeira deste blog pouco movimentado porém jamais esquecido. Além de uma ligeira falta de tempo pra postagens, admito que durante todo este tempo me fugiu a inspiração. Mas sabem como é, de vez em quando as ideias batem à porta e não podem ser ignoradas. Vamos lá então...
Meninos e meninas, hoje falarei sobre algo que de certa forma marcou minha vida. Sim, é algo muito pessoal e íntimo, e que agora venho aqui expor sem medo para meus amigos e desconhecidos que passarem por aqui. Falo da incompetência. Acho que falo por todos quando digo que sempre queremos mais do que temos, estamos sempre em movimento buscando algo maior e em busca de vôos mais altos. Porém nem sempre é possível realizar todos esses pequenos sonhos do dia-a-dia devido a, digamos, uma certa falta de aptidão para tal. Até aqui meus amigos mais próximos podem dizer "Mas você não deve se achar um incompetente, afinal concluiu um ensino técnico, conseguiu um bom estágio e ainda passou na faculdade." É, pode até ser... De fato não tenho do que reclamar quando falo de minhas conquistas acadêmicas e de meu início de carreira. Mas sou humano, e como já disse antes, eu quero sempre mais, eu quero muito mais. E não é desta parte da minha vida que falo. Falo de coisas mais ligadas a um outro lado meu, um lado que busca diversão, relações interpessoais mais profundas e eticétera e tal. Eu não vou direto ao ponto aqui, cada um pense o que quiser (ou me pergunte depois, talvez eu lhe explique com mais detalhes, talvez não). O fato é que me julgo um ser social incompleto. Invejo os capazes de, por exemplo, nunca deixarem uma conversa morrer. Como conseguem? Eu sequer possuo um repertório respeitável de assuntos a serem discutidos numa rodinha de amigos. Me limito a comentários esporádicos e umas gracinhas a toa. Este é somente um dos quesitos pelos quais me julgo um antissocial funcional. De uns tempos para cá venho dando maior importância a esta faceta da vida, e foi então que percebi minhas falhas. O problema é que como sempre vivi desta forma, não encontro meios para mudar minhas atitudes, pelo menos não no momento. De certa forma estaria mudando quem eu sou, mas acredito que seja uma mudança positiva e que possa trazer bons frutos no futuro, mesmo que a longo prazo. Estou tentando. Eu vou conseguir. Porque tudo que eu quero, eu posso, logo eu consigo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Percepção

Houve um tempo em que eu achava que todas as pessoas eram boas, que maldade era coisa de filme, só pra dar emoção de assistir. Com o passar dos dias e anos, aprendi que aquilo que eu via nas histórias fictícias não só era real, como era uma grande atenuação da verdade. A princípio isso me preocupou, me senti mal, mas depois pensei que tudo isso só existia longe de mim, que ao meu redor só existiam uma família que se preocupava comigo e amigos leais. Novamente passa o tempo, e com ele vem um choque ainda maior, de realidade, de conhecimento súbito do real. Lembro-me que a primeira vez em que fui assaltado, tomei um susto, mas não acreditei muito no que acontecia. Lembro-me de pensar "Ih, essa pistola é igual à do jogo de pc! Eles fazem as armas iguaizinhas às de verdade!". Somente depois do ocorrido consegui processar o que havia acontecido. "Caraca, roubaram o carro da frente e assaltaram quem tava atrás! E se eu estivesse no carro da frente?!". A partir daí eu percebi que vivia num mundo que na verdade não conhecia, ou conhecia, mas não estava preparado pra isso. Veio o medo. Sair sozinho de casa parecia uma sentença de quase-morte. Veio a indiferença. Se for pra ser, será, não vou me preocupar mais com isso. No dia em que convenci um assaltante a me deixar ir embora, o medo foi-se quase que por completo. Quase. Comecei a prestar atenção ao que se passava ao meu redor, fiquei mais atento. Engraçado que isso tenha se refletido até mesmo em meu círculo de amizades. Agora percebia pequenas nuances de comportamento que denunciavam fatos escondidos, verdades não ditas, ou simples segredos de adolescentes. Percebendo do que era capaz, logo supus que estaria sujeito à análise alheia da mesma forma que eu o fazia com os outros. Tentei me esconder atrás de uma caricatura de mim mesmo, para que ao menos dificultasse a visão indiscreta. Percebi que isso funcionaria em alguns casos, mas não em todos. Percebi que não consigo usar uma máscara sempre que gostaria, me sinto sufocado e sou forçado a arrancá-la. Refleti. Tudo o que vi até agora seria a realidade ou uma fina casca do que são as pessoas? Não haveria jeito de saber senão observar ainda mais, aguçar ainda mais minha percepção adquirida pela violência e aplicada às amenidades diárias. Por vezes me calei e apenas observei, momentos esparsos e raramente percebidos. Percebi que todos eram como eu, tentavam não deixar transparecer tudo o que realmente eram, talvez por medo. Por vezes também não conseguiam, e arrancavam o espanto escondido dos olhos dos demais. Foi então que cheguei a uma conclusão, a complexidade humana vai além do que é revelado, ela reside no recanto mais escondido de cada um, onde existe o que talvez não deva ser entendido, apenas admirado.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Efemeridades

Coisa engraçada é esta nossa psique. Parece que nunca estamos completamente satisfeitos com o que temos, sempre queremos mais, sempre poderia ser ainda melhor. Você pode até se conformar com o que possui, mas, lá no fundo, existe uma voz que diz "mas se eu tivesse tal coisa". Apesar de estar me referindo a um contexto um tanto quanto banal, esta filosofia pode servir para virtualmente qualquer coisa inerente a nossa vida. Nossa, falei bonito agora.
O que eu quero dizer é... Caramba, eu to de férias! Me matei de estudar o período inteiro (tá, to exagerando, não estudei tanto) pra entrar de férias e poder relaxar e me divertir. Mas, quando finalmente consigo o que quero, podia ser melhor. Quer dizer, eu fico sentando no computador o dia inteiro sem nada pra fazer, e isso me deixa ainda mais sem vontade de fazer absolutamente nada. Às vezes sinto como se estivesse brincando de Big Brother, e não é tão legal quanto assistir, acredite. Até mesmo escrever sobre qualquer coisa, que é tão simples, me parece uma escalada interminável. Também pudera, quando não se faz nada, não há sobre o que escrever. Bom, até dá pra escrever sobre o nada, encher uma linguiça pra ocupar umas linhas com umas palavras que acabam dando num texto. Mas é um texto sem conteúdo nenhum, e acho que o caro leitor concorda comigo enquanto dá um risinho de canto de boca.
Passado o parágrafo baboseira, voltemos à filosofia. A efemeridade me fascina. Já comentei sobre ela em textos passados e continuo citando-a. Me espanta - não necessariamente de um modo ruim - como algo pode ser tão bom ou tão ruim e, ao mesmo tempo, passageiro e frágil. A alegria de estar de férias é algo bom, mas que logo dá lugar ao tédio. Ir mal na escola é terrível, mas também passa. O que mais me fascina é como algo evanescente pode marcar profundamente a história de alguém. Como uma ferida de amor que você nunca mais esquece, e dá falsas risadas ao contar a história aos amigos anos depois. Como uma inspiração, que em um curto momento acomete uma mente e acaba por se tornar um texto, uma música, um quadro, o que for. É algo que nasce do etéreo e que, no instante seguinte, deixa de se-lo para se tornar concreto. Bom perceber que, mesmo sendo apenas os macaquinhos prepotentes que somos, conseguimos obter maneiras de transpor o imaginário e torná-lo real. É isso que nos diferencia neste mundo. O que nos faz mover uma sociedade por completo. Tudo baseado apenas no que não podemos ver. Afinal, somos todos intensas efemeridades.