quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Lupus

O velho lobo andava solitário por entre as árvores. Seu corpo trazia cicatrizes recentes que ainda lhe causavam alguma dor. As batalhas que travara o fizeram endurecer-se, tornar-se mais pensativo, mais avaliador e, por que não, mais manipulador. O velho lobo andava sem rumo. Nada procurava. Nada esperava. Não mais. Não procurava possíveis presas nem matilhas adotivas. Sabia que os tempos haviam mudado. Tudo aquilo que outrora erguia-se rumo aos céus, de modo viçoso e imponente, agora jazia distante e perdido.
Jovem velho lobo. Quimera de sentimentos. Buscava conforto com os de outras espécies. Dormia em tocas de raposas. Compartilhava da comida dos ursos. Nunca achara sua verdadeira face. No emaranhado do destino encontrava-se preso. Odiava estar preso. Queria ser livre. Queria correr pelas planícies junto dos seus. Caçar como um verdadeiro guerreiro. Sentir-se parte do bando.
O lobo deitou-se e mirou as estrelas. Quem sabe estas guiem seu caminho.

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